domingo, 26 de maio de 2013

Tropeirismo

Quem eram os Tropeiros

Nos Séculos XVII e XVIII, os tropeiros eram partes da vida da zona rural e cidades pequenas dentro do sul do Brasil. Vestidos como gaúchos com chapéus, ponchos, e botas, os tropeiros dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São Paulo, comercializados na feira de Sorocaba. De São Paulo, os animais e mercadorias foram para os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Os tropeiros faziam o comércio de animais (mulas e cavalos) entre as regiões sul e sudeste. Comercializavam também alimentos, principalmente o charque (carne seca) do sul para o sudeste.
Como a região de Minas Gerais estava, no século XVIII, muito voltada para a extração de ouro, a produção destes alimentos era muito baixa. Para suprir estas necessidades, os tropeiros vendiam estes alimentos na região.

Como a atividade de todo tropeiro acabava envolvendo comercio, a matemática não poderia ficar de fora, pois acabava sendo muito utilizada.


Abrindo estradas e fundando vilas e cidades

Originalmente, a rota dos tropeiros foi um importante corredor aonde circulavam bravos homens levando riquezas e desenvolvimento a locais distantes. 
Esse movimento perdurou desde o início do séc XVIII até por volta do ano de 1930, quando a modernidade passou a decretar o fim deste ciclo.

Para abastecer as fazendas de gado e mula era necessário buscá-los na Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. O primeiro caminho percorrido pelos tropeiros era por picada e logo depois virou estrada. Partia de Viamão, no atual Rio Grande do Sul, passando pelos Campos Gerais no Paraná até chegar a Sorocaba, importante feira comercial em São Paulo.
A cada 40 quilômetros em média, as tropas paravam para o repouso merecido, após uma longa e difícil jornada. Inicialmente as paradas se davam sob as árvores ou as margens de rios, ao relento. A preparação do acampamento ou do poso era trabalhosa e todos participavam tirando os sacos, as bruacas, cangalhas e arreios das mulas. As camas eram os “apeiros”, feitos com ramas de árvores sob as quais eram colocados os pelegos. 

Acampamento noturno de Itararé. Aquarela de Jean B. Debret, 1827 (publicada em 1839 no livro Voyage potoresque et historique au Brésil). MEA 99. Col. Museu Castro Maya, Rio de Janeiro.
Os tropeiros  também foram muito importantes na abertura de estradas e fundação de vilas e cidades. Muitos entrepostos e feiras comerciais criados por tropeiros deram origem a pequenas vilas e, futuramente, as cidades.


A COMIDA DO TROPEIRO

A comida tropeira era, por si só, simples, prática e de muita “sustança’’, como os próprios tropeiros a definiam. O básico que o tropeiro levava para comer no caminho era o feijão, o arroz, a carne-seca e o toucinho. Depois vinham os acompanhamentos, como as farinhas de milho e de mandioca, o sal, o alho, o açúcar e o pó-de-café.
Logo de madrugada, o cozinheiro, que sempre era jovem, acordava e colocava o feijão para cozinhar, em um trempe (um tripé feito com um arco de ferro com três pés, e sob o qual se coloca a panela ao fogo), enquanto os outros arreavam a tropa e colocavam a carga nos animais. Depois do feijão cozido, fazia-se o café, e, numa panela, fritava-se o toucinho, preparando um feijão tropeiro bem gordo, completando com a farinha de milho. Tomava-se o café com este feijão. O resto do feijão cozido, sem tempero, era colocado num caldeirão e levado no saco para o almoço no caminho. Depois de pelo menos 4 léguas (mais ou menos 24 Km), os tropeiros paravam num rancho e o cozinheiro ia preparar o almoço.
Fritava o torresmo numa panela, tirando o excesso de gordura, e só então colocava o feijão já cozido, os temperos e a farinha de milho, fazendo novamente o feijão tropeiro. Alguns tropeiros mais abastados tinham a carne-seca e a lingüiça que eram acrescidas ao feijão. Na seqüência, preparava-se o arroz tropeiro, fritando torresmo em pedaços, escorrendo o excesso de gordura e depois colocando o arroz para cozinhar.
Um outro fato curioso era o preparo do café, que era bebido logo após as refeições.
O tropeiro colocava o pó-de-café e o açúcar numa água já quente. Quando essa mistura fervia, para decantar o pó, o tropeiro colocava três carvões dentro da água, ou então uma pedra, que era  esquentados no próprio fogo.
Após todo esse procedimento, virava o café noutra vasilha e distribuíam para os membros da tropa.

Referencias:
- Os tropeiros
Autor: Ribeiro, José Hamilton
Editora: Globo
Temas: História do Brasil

- Lapa - tropas e tropeiros: caminhos da História
Autor: Silveira, Maria Inês Borges da
Editora: Educon
Temas: História do Brasil

- Sabores do Tempo dos Tropeiros – Caderno de Receitas
Autor: João Evangelista de Faria (João Rural)

- Blog do Professor Luari Júnior - História
- portal da Rota dos Tropeiros

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